Estamos próximos do fechamento do mês de novembro e o IBOV sobe quase 20%. Uma alta expressiva e rápida
No último post, havia comentado que se o IBOV respeitasse o suporte em 93 mil pontos, o índice poderia ter um desempenho muito bom. Bingo!
Eu particularmente acreditava que o atual patamar, 110 a 112 mil pontos, somente seria atingido no final de dezembro.
Apesar de correções momentâneas serem possíveis (e o IBOV está sobrecomprado no curtíssimo prazo), em virtude do bom momento do cenário internacional e principalmente da sazonalidade, deveremos ver a continuidade do movimento de alta do IBOV no próximo mês.
Deveremos buscar pelo menos o topo histórico em 120 mil pontos, e quem sabe, renovar as máximas ainda em dezembro.
Os suportes imediatos estão em 105 e 102 mil pontos. Um eventual recuo do índice nesses níveis poderá ser uma boa oportunidade para aumentar posições compradas, mas sem exageros.
A seguir, meus comentários sobre os motivos do ótimo desempenho do IBOV em novembro:
- O forte movimento de alta nas bolsas mundiais foi refletido no Brasil, e de maneira mais intensa.
- Os estrangeiros voltaram para a bolsa brasileira com a “mão pesada” (saldo positivo em mais de 20 bilhões de reais) e foram os principais propulsores do movimento de alta.
- A vitória do candidato Joe Biden nos EUA e a manutenção do controle do Senado pelos Republicanos foram comemoradas pelo Mercado. Grosso modo, ficamos livres do Twitter e das loucuras do Trump, e por outro lado, o Senado deverá barrar qualquer aventura esquerdista do presidente eleito. Os primeiros nomes anunciados pelo novo governo também agradaram o Mercado. Outro ponto positivo é que os acordos multilaterais entre os países devem prevalecer nos próximos anos. Bom para todos!
- Daí, houve uma migração natural do dinheiro para os países emergentes. Como o Brasil era o “lanterninha” no ano de 2020, a bolsa brasileira recebeu bilhões e bilhões em investimentos. Só não sabemos até quando. Esse dinheiro por vezes entra muito rápido e também sai na mesma velocidade.
- Sazonalidade: os meses de dezembro, em geral, são marcados por serem muito positivos para as bolsas mundiais. E, em minha opinião, essa regra deverá ser mantida nesse ano – correções momentâneas podem, e devem, ocorrer. Nada preocupante.
- Apesar da segunda onda do coronavírus estar em pleno vapor em alguns países, o otimismo com as vacinas prevalecerá. E outra. Se em março de 2020 não sabíamos o que viria pela frente com a pandemia, nos dias atuais o cenário é muito mais claro: aprendemos a lidar com a doença, especialmente no campo da medicina.
- Os estímulos monetários e fiscais mundo afora deverão ser continuados, e isso manterá a grande liquidez mundial, favorecendo os ativos de risco. Os juros nos países desenvolvidos devem continuar baixos por um bom tempo.
- Os problemas idiossincrásicos no Brasil, por enquanto, devem ficar de lado, e não deverão atrapalhar o desempenho da bolsa brasileira no curto prazo.
- Mas, fica o alerta: em janeiro / fevereiro de 2021, o Brasil precisa começar a endereçar seus problemas, especialmente o controle das contas públicas, caso contrário, poderemos ficar fora da “festa mundial”.
- O PIB deverá ter um bom crescimento em 2021, todavia, mais uma vez, as peripécias políticas no Governo Federal e no Congresso poderão colocar “combustível batizado” no já combalido motor da economia brasileira.
- Por último uma alerta que venho comentando há algum tempo. A inflação voltou, e os juros subirão. Isso é inexorável. Basta ver o IGPM de 12 meses (quase 25%). No nicho “renda fixa” da sua carteira de investimentos, proteja seu dinheiro com títulos vinculados à inflação, e prefira aqueles de curto prazo. Evite os prefixados.
Finalizo meus comentários com o tema do momento “sector rotation”. Em agosto passado, comentei que existe uma migração natural do dinheiro na bolsa de valores entre os setores da economia. E isso ficou muito claro em novembro. A alta do IBOV foi concentrada nos ativos de commodities (minério de ferro e petróleo) e do setor bancário, que tinham ficado para trás em 2020. Outros ativos ficaram estáveis ou mesmo se desvalorizaram em novembro. Assim, em minha opinião, essa rotação deverá continuar nas próximas semanas, e por isso, não enxergo uma correção mais significativa no índice.
Desta forma, faça uma análise criteriosa dos ativos em carteira. Nesses momentos o rebalanceamento das ações na sua carteira é quase obrigatório. E mais uma vez, não exagere na dose de renda variável. Mantenha o equilíbrio.
Bons investimentos.
MJR
As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos. E mais. O investimento no mercado de renda variável pode gerar prejuízos.
