O Otimismo nas bolsas de valores vai continuar?
Fechamento do mês - Janeiro 2023
Após um começo muito ruim para os ativos de renda variável nos primeiros dois dias de janeiro, ao longo do mês observamos uma boa valorização do IBOV.
O dólar começou muito forte em janeiro e cedeu quase 10% desde seu pico no dia 3 de janeiro, terminando o mês perto dos 5 reais.
Os juros futuros no Brasil, por outro lado, voltaram a subir refletindo o cenário de incertezas sobre o “risco fiscal” do Brasil para o futuro. E por enquanto não temos uma previsão correta para o futuro da Selic.
Lá fora, as bolsas americanas também tiveram um bom desempenho. E o dólar index continuou em queda, fechando perto dos 100 dólares (esse índice bateu mais de 114 dólares em 2022). A explicação para a queda seria o fim da subida de juros pelo FED – isso favorece muito os emergentes.
A “reabertura” da economia chinesa tem empolgado os investidores mundo afora. E por isso as commodities subiram, em especial, o petróleo e o minério, o que é muito bom para o Brasil.
O Otimismo nas Bolsas de Valores vai continuar?
O que esperar para o próximo mês?
Os últimos dados econômicos nos EUA sinalizaram que, se uma recessão ocorrer em 2023, ela será mais branda, pois até o momento a subida de juros em 2022 segurou a inflação, mas a atividade econômica encontra-se resiliente. As ações americanas podem ter um bom desempenho em 2023.
Sem dúvida, o pior da inflação americana ficou para trás e os juros do FED devem estar próximos do seu pico, apesar da inflação ainda alta. O mercado espera por uma alta de 25 pontos-base na reunião do começo do dia 1 de fevereiro. E talvez mais uma ou duas ao longo do ano, estabilizando-se entre 5 e 6% ao ano. A queda futura nos juros ainda é incerta e dependerá da inflação. Lembrando que a meta nos EUA é de 2% e atualmente a inflação por lá está em torno de 6,5%.
Por aqui, ficaremos “presos” ao noticiário político-econômico. Se o Governo Federal não atrapalhar (não precisa ajudar muito, basta não atrapalhar), os ativos no Brasil devem continuar a se valorizar nesse começo de ano – os gringos voltaram! Apesar do pessimismo do investidor local, o fluxo estrangeiro deverá continuar ditando o ritmo da B3. Mesmo com a alta recente, muitas ações no Brasil continuam atrativas. Todavia evite as empresas ruins, mal geridas e endividadas (o caso das Lojas Americanas é emblemático). Seja muito seletivo nos seus ativos ou invista através de ETFs (gestão passiva).
ETFs Interessantes negociados na B3 - Update 2023
No Brasil o dólar poderá seguir o cenário internacional e perder a faixa dos 5 reais. Vários analistas e gestores esperam por isso (eu também). Talvez caminharíamos para a faixa entre R$ 4,60 e 4,80 (atualmente em R$ 5,10). A ver. Por outro lado, no patamar atual, ou menor, eu acredito que é um bom ponto de compra para aumentar a posição no exterior (investimentos dolarizados) ou proteger a carteira (hedge). Lembre-se de que a diversificação da carteira é primordial para o sucesso de longo prazo. E mais. Se o descontrole fiscal vier, o dólar vai disparar, assim como os juros futuros, e a bolsa vai cair.
Por falar em juros, a renda fixa continua muito atrativa: tanto os pós-fixados (caixa), como os prefixados e os títulos atrelados à inflação. Só não exagere na dose dos prefixados, pois eles poderão sofrer muito numa eventual subida dos juros (marcação a mercado).
Assim, continuo otimista com os ativos de risco no Brasil para o primeiro trimestre de 2023, mas sem exageros. E mais. Aproveite a valorização recente de alguns ativos para realizar parcialmente seus lucros. Lucro bom é no bolso.
Por último, cito uma frase recente de Luis Stuhlberger, gestor do renomado Fundo Verde: “em 2023, no Brasil, as coisas devem melhorar antes de piorar”. É o chamado “benefício da dúvida” que o mercado está dando ao novo governo. Só não sabemos até quando. Curiosidade: no segundo mandato da Dilma, em 2015, o IBOV subiu mais de 20% de janeiro até maio daquele ano, antes de começar a derrocada de quase 40% até janeiro de 2016.
Bons investimentos.
MJR
*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.